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É saudável ter uma vida sexual ativa após os 50 anos?

 

Confira quais são as questões mais frequentemente colocadas acerca deste tema respondidas por um especialista.

1. É necessário ter alguns cuidados específicos para se manter uma vida sexual ativa após os 50?

Após a menopausa as alterações hormonais e as alterações a nível dos órgãos genitais podem modificar a função sexual. A idade mais avançada e a diminuição das hormonas sexuais prejudicam a função sexual. Deste modo, é importante manter atividade sexual e melhorar os fatores que condicionam a diminuição da lubrificação e a atrofia do epitélio vulvovaginal nesta fase. Existem várias possibilidades de acordo com orientação clínica, nomeadamente terapêutica hormonal local, hidratantes e lubrificantes. A terapêutica hormonal na menopausa também pode melhorar a função sexual, não sendo, no entanto, a principal indicação neste contexto.

2. A menopausa interfere na líbido sexual? Se sim, de que forma?

O envelhecimento saudável é muito relevante para a qualidade de vida e a sexualidade é muito importante para a mulher mesmo após a menopausa. A diminuição das hormonas sexuais e o avançar da idade são fatores que podem condicionar diminuição da função sexual. A menopausa cirúrgica, secundária à remoção dos ovários e diminuição abrupta das hormonas esteroides, acarreta uma disfunção sexual nomeadamente desejo sexual hipoativo. Os fatores de stress nesta fase da vida também têm efeito prejudicial na função sexual. Quando a menopausa ocorre numa idade mais precoce, mesmo antes dos 40 anos, denominada insuficiência ovárica prematura, acrescem aspetos biopsicossociais que influenciam a qualidade de vida e o bem-estar sexual, incluindo, em muitos casos, a infertilidade. Nas situações secundárias a doenças oncológicas existe uma grande influencia na qualidade de vida e sexualidade e deve merecer atenção adicional nas sobreviventes de cancros.

3. Como lidar com falta de líbido nesta fase?

Na menopausa devem ser considerados diversos fatores que integram a qualidade de vida e o bem-estar sexual. Assim, a idade, o tipo e o momento da menopausa, sintomas vasomotores e modificações de humor, saúde em geral, medicação para doenças crónicas e sobretudo fatores intra e interpessoais são fatores a ter em conta. Não deve ser considerado que a sexualidade não é importante na mulher com idade mais avançada. A melhor forma de resolver um problema é reconhecer que ele existe. Por vezes as informações sobre este assunto são escassas e superficiais por parte da mulher em contexto de consulta, mesmo quando questionadas. Devem ser por isso reconhecidas informações para a construção sexual, como o relacionamento interpessoal e o modelo biopsicossocial em que a mulher está integrada.

4. O sexo nesta fase da vida pode gerar algum tipo de dor ou desconforto?

A atrofia vulvovaginal, integrada na síndrome geniturinário da menopausa e reconhecida recentemente pelas sociedades científicas, tem um papel fundamental na sintomatologia associada com a disfunção sexual nesta fase da vida da mulher. A secura vaginal e a dor durante as relações sexuais são secundárias a esta condição e podem ser responsáveis por alterações significativas noutros domínios da função sexual como desejo, excitação e orgasmo.

 

5. Como fica a questão da lubrificação vaginal nesta idade?

As modificações a nível estrutural e funcional que ocorrem na menopausa a nível do epitélio vaginal devem-se a uma diminuição dos níveis de estrogénios e afetam mais de metade das mulheres na menopausa. A nova definição proposta pelas sociedades científicas internacionais renomeou esta entidade como síndrome geniturinário da menopausa e engloba um conjunto de sintomas urogenitais que incluem a secura vaginal, dor nas relações sexuais, dificuldade e ardor ao urinar. A atrofia vulvovaginal tem impacto significativo na qualidade de vida, mas existe terapêutica segura e eficaz. As opções terapêuticas devem ser complementadas com uma atividade sexual regular. As preparações com estrogénios locais são eficazes nesta sintomatologia e globalmente apresentam poucos efeitos secundários e poucos riscos para a saúde da mulher. Atualmente também está disponível em Portugal uma opção que associa o efeito estrogénico e androgénico e que diminui a dor durante as relações sexuais para além de promover uma melhoria global na função sexual. Os hidratantes vaginais apresentam boa eficácia e podem ser uma alternativa em mulheres que não devem ou desejam evitar tratamentos hormonais. Os lubrificantes vaginais podem ajudar durante as relações sexuais para melhorar a lubrificação e diminuir o desconforto.

 

6. O que fazer para combater a falta de apetite sexual?

A disfunção sexual, incluindo a diminuição da líbido ou apetite sexual, pode diminuir a qualidade de vida na menopausa não apenas para a mulher, mas também para o/a companheiro/a. O tratamento desta condição deve englobar uma esfera de fatores biopsicossociais e de relacionamento intra e interpessoal. Esta atuação deve ainda considerar a melhoria da secura vaginal, dor e desconforto nas relações sexuais. Assim, a perda da lubrificação e alterações hormonais que diminuem a função sexual devem ser alvo de avaliação médica e integração de uma estratégia multidirecional.

 

7. É saudável ter uma vida sexual ativa nesta faixa etária? Quais os prós e contras?

Uma das causas de diminuição de qualidade de vida na menopausa é a disfunção sexual. A regularidade da atividade sexual é uma questão integrada na melhoria dos sintomas do trato genital associados com a menopausa. Assim, para além das opções terapêuticas para melhorar a lubrificação e a secura vaginal, a atividade sexual regular está integrada nesta estratégia. Parte dos sintomas de secura, dor e desconforto durante a atividade sexual podem ser aliviados com medidas terapêuticas que limitam e melhoram estas queixas. Não existem, portanto, aspetos a realçar contra a atividade sexual quando os sintomas estão controlados e a melhorar.

 

8. Será que sou a única que me sinto diferente nesta fase da vida?

Globalmente a diminuição da líbido é uma sintomatologia frequente no período que antecede a menopausa e que se prolonga após esta ao longo do envelhecimento da mulher. O declínio das hormonas sexuais justifica estes sintomas, para além de outros como calores e afrontamentos, distúrbios do sono e alterações de humor, encarados como um todo nesta área da disfunção sexual. Se bem que no contexto de consulta pode ser uma área difícil de explorar, sendo necessário frequentemente questões diretas e abertas nesta área. O facto de os fenómenos fisiológicos justificarem parte do seu surgimento, globalmente devem ser integrados vários aspetos que podem ser alvo de uma estratégia múltipla.

 

9. Existe muita gente a procurar a ajuda profissional em relação a este tema?

De facto, a abordagem desta temática é feita de forma direta e objetiva por algumas mulheres. Integram a disfunção sexual como parte da sintomatologia que as perturba na menopausa para além dos calores e afrontamentos, alterações do sono e do humor, alterações musculoesqueléticas, entre outras. No entanto, a maioria só admite este problema se questionada diretamente quando a oportunidade surge, por exemplo, em consulta de rotina existem alguns questionários estratégicos que, usados em momentos chave, permitem deixar a mulher mais à vontade para expressar esta problemática. O reconhecimento dos mecanismos que o justificam e a forma como podem ser tratados são aspetos fundamentais a apontar que, por si só, podem ajudar a melhorar a qualidade de vida e integrar os diversos aspetos envolvidos na diminuição da função sexual.

 

Com a colaboração de Dra Maria João Carvalho
Especialista em Ginecologia e Obstetrícia
Assistente Hospitalar no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra Docente da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra

1 Comentário

  1. Paula Oliveira

    Super interessante. Obrigada pelos esclarecimentos

    Responder

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