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#feliz na sua pele

Isabel Stilwell e a relação entre avós e netos

 

 

 

No mês em que falamos da relação entre avós e netos, conversamos com a Isabel Stilwell, uma grande jornalista e escritora, que se sente muito bem na sua pele de mãe de três filhos e avó de oito netos (número sempre em atualização!).

Desde o «Diário de Notícias», onde começou aos 21 anos, que contribui de forma essencial para o jornalismo português, fundou e dirigiu também a revista «Pais & Filhos» , foi diretora da revista «Notícias Magazine», e do jornal “Destak”.

Desde o início da pandemia assina “Birras de Mãe”, no jornal Público —um espaço onde uma avó/mãe e uma mãe/filha trocam cartas sobre os desafios de “educar” crianças no século XXI.

A sua outra vida são os livros, livros para crianças, livros para os avós lerem aos netos, e livros para crescidos. Em 2007, estreou-se com «Filipa de Lencastre» e conta já com nove romances sobre oito grandes rainhas e um rei, com mais de 300 mil livros vendidos, quatro deles traduzidos para inglês e um publicado no Brasil.

Vive em Sintra, que é também uma das suas causas.

A Isabel deu-nos a sua valiosa opinião sobre essa relação maravilhosa entre avós e netos.

  1. Como a Isabel vê a relação entre netos e avós? O que é mais importante nesta relação?

Para os avós é uma fonte constante de felicidade e o melhor tratamento anti-envelhecimento que existe. E espero que para os netos, os avós sejam como que pais sobresselentes e a casa dos avós, uma casa onde se sentem sempre acolhidos.

     2. Os avós educam ou deseducam? Qual é a sua opinião?

A única forma de educação em que realmente acredito é no exemplo e, nesse sentido, os avós educam. A ideia de que deseducam parece-me sempre um bocadinho invejosa, ou ciumenta. A única coisa que os avós efetivamente “estragam” é as costas, porque não resistem em pegar-lhes ao colo, ou a subir árvores. Mas é verdade que, se calhar, somos menos chatos do que os pais, porque, ponto 1, sentimo-nos menos julgados pelos outros e, ponto 2, a experiência ensinou-nos a distinguir o acessório do essencial e sabemos que há coisas que só lá vão com a idade.

    3. Em tempos modernos, com muita influência da tecnologia, os avós devem adaptar-se a esta realidade dos netos ou insistir nas atividades tradicionais?

Devem aprender com eles, para se manterem atualizados. Essa é que é essa. E devem continuar a fazer aquilo de que gostam, à “moda antiga” se lhes apetecer — os netos vão divertir-se imenso e querer aprender.

   4. Qual a sua recomendação para avós de primeira viagem, ou seja, acredita em algum tipo de conduta/atitude/comportamento recomendados?

Há tempos um avô disse-me que tinha aprendido uma grande lição desde que tinha netos: a estar calado, lol. É uma arte difícil, mas que devemos praticar com convicção. Os pais, sobretudo a mãe de primeira viagem, está insegura, com as hormonas aos saltos e tudo aquilo que não precisa é de uma mãe/sogra a dar constantemente palpites, fazendo-a sentir menos capaz. Dito isto o papel dos avós é o de retaguarda, aqueles que estão sempre lá — não têm de estar sempre disponíveis, podem e devem ter vida própria, mas é preciso que os filhos saibam que podem sempre contar com eles.

5. ​​Numa altura em que o conceito de família tem sofrido várias evoluções, será que o papel dos avós continua intacto? Quais seriam os principais desafios?

Mais importante do que nunca! Acredito mesmo que é preciso uma aldeia para criar uma criança. Pais isolados, sozinhos e sem apoio, vão entrar em colapso, cair para o lado de exaustão, e os avós podem servir de enorme apoio. Mas podem também ajudar os netos a alargar o seu mundo, expondo-os ao contraditório — as regras em casa dos avós podem ser diferentes das que têm em casa, e é importante que as crianças (e os seus pais) percebam que o mundo não acaba por isso. Muito pelo contrário.

   6. Se pudesse dar alguma dica, qual seria?

Desde o início do primeiro confinamento, a minha filha Ana e eu escrevemos cartas uma à outra, publicadas duas vezes por semana no jornal Público – as “Birras de Mãe”. Confrontamos duas “visões” — a de uma mãe/avó e a de uma filha/mãe —, e tem sido uma oportunidade fabulosa para confessarmos “coisas” que na correria do dia-a-dia, com as crianças sempre à volta, não há tempo para dizer. Coisas que, por vezes, parecem pequenas, mas que podem ir estragando a relação, sobretudo quando se transformam em “bocas” que ferem e criam ressentimentos. Isto para chegar à dica:  avós e pais encontrem tempo para falar a sério do que vos preocupa/irrita, façam birras para fora e não para dentro (amuando). Os netos agradecem.

 

 

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