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#feliz na sua pele

Conversa com Victoria Crespo: “o meu verbo é ir!”

Victoria Crespo: “o meu verbo é ir!”

 

Podemos dizer que a Victoria é mesmo uma mulher realizada e que se sente feliz na pele de viajante, de exploradora, de mulher que quer conquistar o mundo. Aos 59 anos, já fez mais do que uma viagem sozinha, e está sempre disposta a conhecer novos sítios, aproveitar o que há de melhor e voltar para casa cheia de histórias para contar.

Podem ser distâncias longas ou curtas. O que importa é entregar-se de corpo e alma, estar disposta a mudar os planos mesmo já havendo um roteiro, enfrentar os medos, sentir a ligação com o lugar e desfrutar ao máximo de cada momento da viagem. A Victoria conta-nos algumas histórias divertidas das suas viagens e, no final, dá umas dicas para quem quer viajar sozinha. Mas, acima de tudo, é preciso saber ouvir a nossa intuição que ela considera o ponto de partida – e fundamental – para qualquer viagem.

 

1. Quando a Victoria escolhe um destino para viajar, o que leva em consideração?

Eu diria que o destino me escolhe a mim. Posso dar como exemplo a minha primeira viagem sozinha, que foi ao Peru. Nunca tinha pensado em ir até lá, mas o universo escolheu por mim!

Um dia senti o “chamamento” do Peru. Comecei a ouvir falar deste país, encontrava “por acaso” filmes que aconteciam no Peru, falava com algumas pessoas que já lá tinham estado. Mas o que me cativou, sem dúvida nenhuma, foi a primeira vez que vi uma imagem da Montaña de los Siete Colores. Foi naquele momento (2016) que me visualizei frente a esta imagem e senti uma grande felicidade. Entretanto, tive que esperar e fazer algumas viagens em pequenos grupos para que chegasse o momento em que tomei uma decisão: vou sozinha. Estávamos em plena pandemia! Mas posso afirmar que realizei a viagem da minha “independência emocional”, pois foi a partir desta viagem (2021) que passei a sentir-me “dona da minha vida”.

 

2. Qual é o seu estilo preferido de viagem?  

Eu adoro viajar. Como sagitariana que sou, sempre viajei muito, viagens longas, curtas, com companheiro, com amigas, com pequenos grupos, para fazer atividades… Mas nunca tinha tido a coragem de ir sozinha. Podia até ir sozinha, mas sempre inserida num grupo que tivesse um interesse comum.
O meu estilo de viagem foi mudando com o passar do tempo. Agora valorizo mais as coisas genuínas, menos luxo artificial e mais contacto real. 

 

3. Gosta muito de viajar sozinha? O que é preciso fazer para encarar este desafio?

A grande vantagem é que podemos mudar o destino de um momento para o outro, sem planear muito. Tudo é muito mais flexível, só temos que contar com a nossa aprovação. 

Vou partilhar um exemplo para que se consiga perceber a ideia: estava em Cusco já com o seguinte destino decidido – o Lago Titicaca -, quando cheguei ao hostel e encontrei um grupo de franceses que estavam a voltar da Reserva del Manú, na selva amazónica. Falaram de coisas tão maravilhosas daquela experiência, que liguei à minha agente de viagens local e disse: “Titicaca fica para outra altura, vou para o Manú.” E assim foi.

O que quero transmitir com isto é que quando viajo comigo e sem destino predefinido, posso ser absolutamente livre. 

Temos que nos deixar levar pela nossa intuição. Aí está a verdadeira felicidade.

O maior desafio foi desapegar-me dos medos dos outros. As pessoas, sem saber, falam sempre dos nossos medos. Eu tive que estar muito atenta para me dissociar destas mensagens. Claro que havia os “alertas” ligados, mas não o medo, pois isto é algo que em 99% dos casos não vai acontecer. Se acontece, já não é medo, é uma realidade que vamos ter que resolver.

Outra coisa muito curiosa é: quando viajamos sozinhas, temos mais tempo de observar pessoas, paisagens… tudo! É como se estivesse tudo mais nítido.

 

4. O que diria para as pessoas que gostariam de viajar sozinhas, mas que não têm coragem para o fazer?

Não perca essa OPORTUNIDADE.

O mais engraçado é que quando chegamos a outros destinos, encontramos muitas pessoas a fazer o mesmo que nós.  

Vivemos num momento histórico fantástico para viajar, nada está longe, e estamos muito ligados. 

Gostei tanto, que voltarei a repetir a experiência em breve. Voltarei ao Peru para descobrir os lugares maravilhosos que ainda não visitei (se me quiser acompanhar, estarei a publicar no Instagram como @victoriacrespo1111 a partir do dia 1 de junho). A ideia é passar pela Bolívia e provavelmente Colômbia, mas vou sem destino, deixando levar-me pela minha intuição e vivendo no mais puro sentido do “aqui e agora”.

 

5. Conte-nos algum episódio divertido que tenha ocorrido numa das suas viagens?

Eu penso que, só o fato de sair de nosso dia a dia, já é divertido. 

Contarei um episódio da minha viagem à Índia (2017), onde, por circunstâncias especiais, a minha minha bagagem ficou toda no aeroporto de Lisboa. Tudoooo! 

Quando fui para o avião, o comandante abriu-me a porta, entrei na cabine e abracei-o. Ele estava absolutamente incrédulo com o que lhe estava a acontecer: uma senhora espanhola a chorar de emoção, agarrada ao seu pescoço!

Já no avião, dei-me conta de que as minhas malas tinham sido tiradas do porão. Neste momento, fiz um “check” rápido a minha vida:  tinha passaporte? Sim. Tinha visto? Sim. Tinha dinheiro? Sim. Estava tudo bem! 

Eu, que tanto gostava das minhas “coisinhas”, passei 15 dias com um biquíni emprestado, duas camisolas de alças, e vários pareos que comprei a passear pela Índia Sul. Ninguém notou por que os pareos deixavam de ser saias para, na noite seguinte, serem turbantes, e, na posterior, uma blusa. Pus em prática todos os tutoriais da internet que explicam como fazer de uma peça todo um roupeiro. 

Foi uma das experiências mais libertadoras da minha vida. Compreendi que não é preciso tanto para estar bem.  Quando todos os meus companheiros de viagem andavam com grandes e pesadas malas, eu ia ligeira como uma pena, com um saquinho de papel com todos os meus pertences.

Foi um trabalho de desapego muito bonito. 

Esta experiência preparou-me muito bem para o Caminho de Santiago que já fiz várias vezes, ou para os trekkings nas montanhas. 

Lembre-se: não precisa de muito para ser FELIZ!

 

6. Houve alguma viagem transformadora? Quer contar-nos a sua experiência?

Sim, claro, mas essa foi num pequeno grupo, em 2016 em Marrocos. Eu chamo-a “a viagem da minha virada”. Eu saí daqui como “uma mulher à beira de um ataque de nervos” e voltei de outra forma: um ser mais equilibrado e com ferramentas para mudar a vida… E assim tudo mudou para melhor.  Quando cheguei a Marrocos, perguntaram-me: o que procura nesta viagem? E eu respondi : a SERENIDADE. E foi assim, foi ali que a encontrei. 

Penso que uma viagem é uma parênteses na nossa vida, onde temos tempo para nós, para nos escutarmos e respeitarmos, se assim o permitirmos. 

Sinto que vivemos com muito “ruído” à nossa volta, e, provavelmente, um tempo de pausa nos reconecta connosco.

Quando falo de viagens, não tem que ser uma viagem de longa distância; eu sinto-me muito ligada aos Açores, por exemplo. É um pedacinho do paraíso na terra. Um por-do-sol na Costa Oeste de Portugal é algo DIVINO, um céu alentejano é qualquer coisa do outro mundo. Devemos apenas parar para contemplar o que a VIDA NOS OFERECE DE BOM. É apenas isso.

 

7. Dicas do que fazer e o que evitar quando for viajar sozinha:
  1. Oiça a sua intuição para sentir onde quer ir. Pare um tempinho e sinta.
  2. Não dê ouvidos aos medos dos outros. Ative os seus próprios alertas.
  3. Planifique com amor a sua viagem, mas não feche todos os destinos. Deixe algo ao acaso.
  4. Prepare-se fisicamente para a viagem, cuide da alimentação, reduza a ingestão de açúcar, caminhe. Assim poderá desfrutar melhor de cada momento da viagem.
  5. Prepare-se para ser mais flexível (não utilize o “padrão europeu de vida”). Não “colonialize”, eles já viviam bem antes da sua chegada. Não compare.
  6. Respeite muito a forma de viver das pessoas dos lugares que visita. 

 

Leve ALEGRIA genuína, isto vai abrir os corações das pessoas  e vai  sentir muito carinho da parte dela.

E sobretudo, AGRADEÇA.

Desejo-lhe uma ótima viagem! 

 

 

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